Capítulo 4 Por que as aves são sensíveis aos empreendimentos eólicos?

Manuella Andrade de Souza1, Patrícia Pereira Serafini2, Érika Machado Costa Lima1 & Andrei Langeloh Roos2

1. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres – CEMAVE
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo
BR-230 Km 10
58108-012, Cabedelo, PB

2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres – CEMAVE
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio
Estação Ecológica Carijós
Rodovia Maurício Sirotski Sobrinho s/n - Trevo Jurerê
88053-700 Florianópolis, SC


O setor de energia elétrica demanda grandes obras de infraestrutura que produzem mudanças significativas no ambiente natural. Essas condições alteradas geram conflitos decorrentes dos impactos sobre a biodiversidade e o ambiente socioeconômico. Portanto, é necessário assegurar que este desenvolvimento gere o menor impacto negativo possível. Como signatário da Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS, do inglês Convention on the Conservation of Migratory Species of Wild Animals), o Brasil tem o compromisso de envidar esforços para conciliar a exploração do potencial eólico e a conservação das espécies migratórias de interesse global (Resolução nº 7.5 da CMS).

Impactos da instalação dos parques eólicos onshore, como a perda de habitat por supressão vegetal decorrente da abertura de vias de acesso, e intensificação do tráfego, são sentidos por todos os grupos animais. A biota terrestre voadora (aves, morcegos e insetos) é a mais vulnerável à geração de energia por parques eólicos, principalmente pelos impactos da instalação de aerogeradores, redes de transmissão e de distribuição (Saidur et al. 2011, Schuster et al. 2015, Voigt 2021).

Com relação às aves, a extensão do impacto varia conforme a espécie, a estação, a localização e a disposição ou configuração dos empreendimentos. A localização é tão importante que um parque eólico grande, mas cuidadosamente localizado, pode ter um menor impacto do que um parque eólico menor, mas localizado incorretamente (Gode 2020). Os impactos podem ser permanentes ou temporários, levando em consideração que todo empreendimento possui pelo menos três fases: a implantação, a operação e o descomissionamento, com impactos característicos de cada fase (Figura 4.1).


Principais impactos, diretos e indiretos, identificados em cada fase do empreendimento. Cores e letras são uma proposta de representar a intensidade, temporalidade e efeito do impacto em cada fase: vermelho - maior intensidade, laranja - intensidade média e amarelo - menor intensidade. T - temporário P  -  permanente; C - de caráter cumulativo. Adaptado de: Gode (2020)

Figura 4.1: Principais impactos, diretos e indiretos, identificados em cada fase do empreendimento. Cores e letras são uma proposta de representar a intensidade, temporalidade e efeito do impacto em cada fase: vermelho - maior intensidade, laranja - intensidade média e amarelo - menor intensidade. T - temporário P - permanente; C - de caráter cumulativo. Adaptado de: Gode (2020)


Este capítulo busca responder porque as aves são sensíveis aos empreendimentos eólicos, reunindo informações básicas e mais recentes de publicações técnico-científicas sobre os impactos negativos de empreendimentos eólicos terrestres (onshore) sobre a avifauna.

4.1 Impactos ambientais da implantação e operação de parques eólicos

Embora já existam milhares de empreendimentos eólicos onshore pelo globo, as informações publicadas sobre os impactos desses empreendimentos baseiam-se, principalmente, em parques eólicos localizados na Europa, América do Norte e África do Sul (Masden et al. 2009, Marques et al. 2014, Schuster et al. 2015, Wang et al. 2015, Perold et al. 2020, Agudelo et al. 2021). Os impactos ambientais associados ainda não são totalmente compreendidos para a biodiversidade tropical e o monitoramento dos impactos de empreendimentos eólicos na América Latina é também escasso (Agudelo et al. 2021). Como agravante, os poucos estudos de monitoramento dos impactos nem sempre são desenhados adequadamente (e.g., por não considerarem a taxa de remoção de indivíduos feridos ou mortos por colisão) e as taxas de mortalidade nos parques eólicos, mesmo reduzidas, podem incrementar consideravelmente o risco de extinção de espécies longevas com populações pequenas (Carrete et al. 2009). Os impactos dos parques eólicos podem ser classificados em três tipos: impactos diretos, indiretos e cumulativos (Gode 2020, Bennun et al. 2021).

Os impactos diretos (ID) podem ser divididos em cinco categorias: deslocamento; perda de habitat; efeito de barreira; eletroplessão e colisão.

  • ID 1. Deslocamento: o efeito de deslocamento - ou alienação, conforme EPHC (2010) - ocorre quando indivíduos, grupos ou populações inteiras deixam de utilizar a área de influência direta do empreendimento, buscando áreas alternativas para as suas atividades de forrageio e reprodução. A distância desses deslocamentos depende da espécie e da localização e tamanho dos aerogeradores. Tal efeito é agravado quando áreas alternativas não existem ou já estão ocupadas.
  • ID 2. Perda de habitat: para implantação de um parque eólico, invariavelmente, é necessária a supressão de vegetação, a abertura de acessos e a terraplanagem para construção de passagens, o que acarreta alterações nas condições naturais e sistêmicas originais, tornando o habitat indisponível para certas espécies. Novas atividades ou usos da terra podem surgir após a implantação, gerando nova perda de habitat e aumentando o impacto sobre a biodiversidade.
  • ID 3. Efeito de barreira: ocorre quando indivíduos ou populações, instintivamente ou por aprendizado, passam a evitar os parques eólicos em suas rotas, sejam elas diárias ou sazonais. Se, por um lado, ficam menos sujeitos a colisões, por outro podem, em certa escala, estar comprometendo parte de sua locação energética, com desconhecidos efeitos sobre a sobrevivência e/ou sucesso reprodutivo dos indivíduos em longo prazo (Hötker et al. 2006). As espécies que migram em grandes bandos em determinadas rotas são particularmente afetadas. Obstáculos nos trechos utilizados por espécies migratórias não apenas causam fatalidades, mas podem exigir um gasto energético extra para os indivíduos evitarem os obstáculos ou mesmo provocar o abandono de pontos de parada cruciais para o seu descanso e reposição alimentar. A importância do efeito de barreira tem sido monitorada com aves marcadas, sendo bastante sensível ao efeito cumulativo e de amostragem, e tem aumentado conforme se aumenta o número de empreendimentos construídos, sejam contíguos ou não.
  • ID 4. Eletroplessão: a eletroplessão ocorre por choque elétrico em linhas de distribuição do parque eólico. Esse impacto é pouco significativo nos postes das linhas de transmissão de alta tensão, mas em postes de linhas de baixa ou média tensão pode ser importante e afetar desproporcionalmente algumas espécies que usam estes postes durante atividades diárias, como descanso, poleiros de caça ou para nidificação.
  • ID 5. Colisão: a colisão ocorre quando os animais voadores não conseguem se esquivar das estruturas dos parques eólicos, em especial das pás dos aerogeradores em movimento, linhas de coleta entre torres e linhas de transmissão. As aves que voam na área varrida pelas pás do aerogerador estão sob maior risco de colisão e menor chance de desvio, com potencial para sofrerem injúria grave ou fatal. Este risco se aplica tanto para as espécies residentes como para as migratórias. Dentre todos os impactos, a colisão é o mais facilmente identificável. Contudo, sua mensuração, em geral, é falha devido, dentre outros fatores, ao pequeno esforço comumente destinado ao monitoramento e à intensa remoção de carcaças por predadores ou espécies necrófagas. Instalações de energia eólica mal localizadas podem ter índices de fatalidade consideravelmente elevados.

Os impactos indiretos (II) podem ser divididos em três categorias: alteração no habitat, cascata trófica e poluição.

  • II 1. Alteração no habitat: após as perdas diretas com a implantação de um parque eólico, alterações no habitat original podem ocorrer em razão das interferências das novas estruturas, acessos modificados e mesmo aumento do acesso às áreas. Processos erosivos gerados pela mudança e/ou interferência nos padrões de vento causados pelas aerogeradores, supressão de vegetação, abertura de acessos e a terraplanagem para construção de passagens são fatores que geram as alterações, podendo causar perda do habitat para determinadas espécies. Podemos citar, especificamente, alguns desdobramentos deste tipo de impacto:
  • II 1.1. Perturbações: ocorre quando uma espécie persiste na área mesmo após a instalação do empreendimento, mas há prejuízos à sobrevivência e/ou ao sucesso reprodutivo dos indivíduos, ameaçando a permanência das populações em médio e longo prazos. O efeito do estresse sobre a sobrevivência e o sucesso reprodutivo de animais silvestres é bem documentado. Contudo, no contexto de empreendimentos eólicos, não há estudos que tratam da magnitude deste impacto.
  • II 1.2. Aumento de caça: a ocupação da área do empreendimento pode introduzir nova atividade/uso da terra, gerando impacto sobre a biodiversidade. A abertura de estradas para a implantação do empreendimento pode facilitar a entrada de pessoas na região e gerar um aumento na pressão de caça sobre as espécies da área.
  • II 1.3. Introdução de espécies exóticas invasoras: a movimentação de equipamentos, pessoas e materiais provenientes de outras áreas pode facilitar a introdução de espécies exóticas na área. Além disso, a criação de novos habitat ou espaços abertos pode facilitar a expansão das espécies exóticas.
  • II 2. Cascata trófica: impacto ainda pouco conhecido, mas há evidências sobre alterações na disponibilidade de presas na região dos parques eólicos. Tais mudanças nos padrões de abundância de espécies afetam a dinâmica predador-presa e, com isso, causam um efeito cascata e alterações nas funções do ecossistema. Estudos em longo prazo bem conduzidos ajudariam a elucidar essa questão.
  • II 3. Poluição: embora os exemplos de impactos de poluição relacionados a empreendimentos eólicos sejam limitados, eles foram amplamente demonstrados para outros tipos de desenvolvimento de infraestrutura. Como tipos de poluição podemos elencar: poeira, resíduos sólidos/líquidos, iluminação e barulho/vibração. Dentre estes podemos destacar, pela maior importância:
  • II 3.1. Poluição luminosa: sob certas circunstâncias, a sinalização luminosa pode confundir e mesmo atrair as aves, especialmente sob mau tempo. De qualquer forma, luzes artificiais costumam atrair insetos e, por consequência, aves e morcegos em busca de alimentos.
  • II 3.2. Poluição sonora: trata-se da perturbação crônica gerada a partir das vibrações dos componentes mecânicos do aerogerador e pela aerodinâmica da estrutura quando em operação. O ruído de instalação, de caráter agudo, é mais diversificado, contemplando o maquinário, o trânsito, entre outros. Há um documento disponível voltado exclusivamente para as diretrizes de mitigação de ruídos em parques eólicos, produzido pela agência de proteção ambiental da Austrália (EPA 2009).

Os impactos cumulativos são o resultado dos impactos de desenvolvimento do projeto, somados com os efeitos sucessivos e/ou combinados resultantes das atividades humanas existentes, planejadas e/ou esperadas no futuro (Bennun et al. 2021). Podem surgir da sequência de múltiplos projetos similares (e.g., parques eólicos) ou devido à soma de impactos (agregada ou potencializada) de diferentes fontes (e.g., parques eólicos, estradas, desmatamento). Quando comparados aos demais impactos, são menos conhecidos. Em nível populacional, supõe-se que as espécies de aves migratórias e aquelas que percorrem grandes áreas para se alimentar podem sofrer mortalidade cumulativa significativa, pois uma proporção maior da população pode encontrar múltiplos aerogeradores durante seus movimentos.

4.2 Fatores que afetam o risco de colisão

Centenas de espécies são suscetíveis a colisões e, tradicionalmente, rapinantes, aves marinhas e outras aves de médio e grande porte têm sido reportadas como os principais grupos afetados por aerogeradores. No entanto, estes grupos são detectados mais facilmente pelos pesquisadores e têm uma taxa de remoção por carniceiros menor, o que pode levar a um viés nos resultados encontrados, a depender do desenho amostral e do método de registro utilizado. Isto fica claro em alguns estudos que apontam os Passeriformes como o grupo que responde pela maior parte dos casos de colisão, chegando a 82% dos registros (Erickson et al. 2001).

Contudo, a gravidade do impacto das colisões está relacionada a outros fatores. Ordens com predomínio de aves de médio e grande porte, quando comparadas com Passeriformes, de um modo geral, apresentam populações menores, maior proporção de espécies ameaçadas de extinção e resposta mais lenta a aumentos na taxa de mortalidade (Hötker et al. 2006).

Conforme a literatura disponível, a mortalidade detectada nos parques eólicos é muito variável e parece depender também do contexto local. Mesmo parques próximos podem apresentar taxas de colisão bastante discrepantes, com diferenças significativas para um mesmo táxon. Estudos indicam taxas totais observadas que variaram de zero a 64 mortes por aerogerador por ano (Lekuona 2001 in Atienza et al. 2011).

Algumas espécies têm maiores chances de colisão (Drewitt & Langston 2008), mas diversos fatores parecem interferir nas taxas de colisão, podendo ser ambientais, paisagísticos, além daqueles relacionados às características biológicas das espécies (Thaxter et al. 2017). A seguir, descrevemos alguns destes fatores.

Tempo e clima

Nesses fatores, o componente de maior destaque são as tempestades, que agravam o risco de colisão devido à maior velocidade do vento e à baixa visibilidade, decorrente das chuvas, nuvens ou neblina. Ao contrário das aves, os morcegos parecem colidir menos em períodos de fortes ventos, talvez simplesmente por evitarem o voo em condições extremas. As colisões tendem a ser mais frequentes durante a noite, com maior risco sob céu nublado ou com ocorrência de neblina.

Iluminação

O impacto do uso de luzes sinalizadoras ainda necessita de pesquisa, principalmente no hemisfério austral, contudo estudos mostram que as cores destas luzes e sua intermitência interferem nas taxas de colisão, além da altura da disposição da iluminação (Rebke et al. 2019). O U.S. Fish and Wildlife Service (USFWS 2003) aponta que as luzes brancas atraem mais as aves que as vermelhas, fazendo-as voar em seu entorno. Gehring et al. (2009) não encontraram diferenças significativas quanto às cores, mas observaram que a sinalização intermitente (luzes do tipo flashing ou strobe) reduziu a atração de aves quando comparada a luzes contínuas. Luzes de cor verde, vermelha ou azul têm sido reportadas como menos atrativas para aves (Evans et al. 2007, Poot et al. 2008, Rebke et al. 2019). Sendo a iluminação necessária, essa deve ser restrita ao mínimo, ser intermitente e preferencialmente de cor vermelha (Kerlinger et al. 2010, Rebke et al. 2019).

Características geográficas

Alguns acidentes geográficos como penínsulas e estreitos podem representar área de maior risco de colisão, visto que normalmente compõem rotas de aves migratórias. O Estreito de Gibraltar, entre Europa e África, é tradicionalmente citado como um sítio crítico para colisões de aves com aerogeradores, por reunir estas duas situações paisagísticas: ser um estreito entre duas grandes penínsulas (De Lucas et al. 2004, Drewitt & Langston 2008). Relevo acidentado como cristas, vales e vertentes, que causam turbulência nas correntes de ar ou geram correntes ascendentes, tendem a ocasionar maior número de colisões.

Disposição e altura dos aerogeradores

A disposição dos aerogeradores na paisagem pode afetar sobremaneira o risco de colisão. A distribuição linear das torres, perpendicular à principal direção dos ventos, é o modelo menos indicado. O impacto pode ser ainda maior se os aerogeradores estiverem alinhados paralelamente a vales ou a serras utilizadas como referência para as aves em rota de voo (Figura 4.2). Parques em áreas planas, com aerogeradores agrupados em blocos e com largos corredores de passagem entre eles, tendem a ter taxas de colisão menores por aparelho. Aerogeradores isolados tendem a possuir uma taxa de colisão maior.

Outro fator que pode influenciar a taxa de colisão é a altura dos aerogeradores (e.g., aerogeradores maiores têm maior probabilidade de interceptar o voo de aves que migram à noite). Para a próxima década, são esperados aerogeradores com altura total superior a 300 m. Todavia, aerogeradores maiores, com maior capacidade, poderiam implicar menor número de aerogeradores por parque eólico, sem que a produção de energia seja comprometida (De Lucas et al. 2004, Drewitt & Langston 2008).


Exemplos de alinhamentos de aerogeradores, Parque Eólico na Paraíba. Foto: Andrei L. Roos

Figura 4.2: Exemplos de alinhamentos de aerogeradores, Parque Eólico na Paraíba. Foto: Andrei L. Roos


Densidade de fauna

É esperada que a abundância (densidade) de aves também seja positivamente correlacionada às taxas de colisão. A densidade de aves pode aumentar se as estruturas do parque eólico atraírem insetos, roedores e outras espécies utilizadas como presas pelas aves (Drewitt & Langston 2008).

Morfologia das aves

O campo de visão e a acuidade visual das aves é muito variável. A maioria delas apresenta visão lateral (Martin 2011) com um “ponto cego” frontal, ao passo que as aves de rapina possuem uma boa visão binocular, mas sua visão periférica é limitada, tendo, portanto, uma grande zona cega (Bevanger 1998, Drewitt & Langston 2008). As restrições geradas pelo tipo de visão de cada espécie podem interferir no risco de colisão. Como regra geral, aves com visão lateral, aves com grande área cega acima e atrás da cabeça e aves sem fóvea (como Galliformes) têm maior risco de colisão, pois têm dificuldade de ver objetos à frente (Bernardino et al. 2018). Além disso, as restrições mecânicas impostas pelo tamanho, proporção e forma da asa (Wang & Clarke 2015) geram baixo poder de manobrabilidade, aumentando o risco de colisão para algumas espécies.

Comportamento das aves

Certas características comportamentais tornam algumas aves particularmente sujeitas à colisão: a formação de grandes bandos para deslocamento ou migração (Larsen & Clausen 2002), o hábito de planar e utilizar correntes termais, o voo noturno e crepuscular (Drewitt & Langston 2008), voos nupciais ou para atividades predatórias (Orloff & Flannery 1992, Madders & Whitfield 2006) ou, ainda, para defesa territorial (Langston & Pullan 2003). A fase de vida da ave também pode interferir no risco de colisão: pais com filhotes para alimentar (Langston & Pullan 2003) precisam de itinerários mais curtos e arriscam-se mais (Drewitt & Langston 2008); jovens são menos experientes e ágeis que os adultos, havendo maior risco de colisão para esse grupo etário (Drewitt & Langston 2008).

A altura de voo de cada espécie também interfere no risco de colisão. Registros de radar na costa da Inglaterra revelaram que Passeriformes migram durante o dia abaixo de 1.500 m e à noite podem subir a 4.000 m (Sick 1985). Espécies migratórias de longas distâncias em voos diretos (non-stop) atingem altitudes em torno de 6.000 m, com variações da altitude entre dia e noite, atingindo as maiores altitudes à noite (Pough et al. 1993, Senner et al. 2018, Lindström et al. 2021). Embora Sick (1985) afirme que geralmente as migrações são realizadas abaixo de 600 m, variando conforme as condições meteorológicas, pouco se sabe sobre as altitudes de migrações na América Latina e mais estudos são necessários para responder essa questão. Mesmo as espécies que realizam voos em altitudes elevadas são sujeitas a colisões nos momentos de aterrissagem e decolagem, ou em condições de mau tempo quando voam a altitudes menores, a depender das suas taxas de ascensão vertical e comportamento de voo, ou ainda em voos de deslocamentos diários (Piersma et al. 1997, Larsen & Clausen 2002, Bernardino et al. 2018).

Segundo Orloff & Flannery (1992) a velocidade de voo também afeta a capacidade da ave em detectar o obstáculo, assim como seu tempo de reação. As aves de rapina de voo mais rápido (como os falconídeos) são mais vulneráveis à colisão e eletroplessão que os demais rapinantes. Espécies que apresentam comportamento de peneirar (planar) contra o vento, examinando o solo atentamente, a alturas de cerca de 30 m antes de descer sobre a presa, também podem ser vulneráveis a colisões. As fragatas, por exemplo, se destacam devido ao seu hábito de planar. Registros de mortalidade da espécie decorrente de interação com aerogeradores no Brasil foram descritos inclusive para o arquipélago de Fernando de Noronha, onde um único aerogerador foi instalado (P. Serafini, com. pess. 2009).

4.3 Principais grupos em risco e suas características

Considerando aspectos peculiares e intrínsecos de diferentes espécies, famílias e ordens da Classe Aves, e com base em estudos específicos que avaliaram os impactos de empreendimentos eólicos sobre esses animais, elencamos, a seguir, alguns grupamentos que compartilham características morfológicas, fisiológicas, ecológicas ou comportamentais que os tornam mais vulneráveis e sensíveis aos impactos relacionados às estruturas de geração e transmissão de energia eólica.

Passeriformes

Segundo AWWI (2020) e Erickson et al. (2001) algumas espécies de Passeriformes podem ser desproporcionalmente afetadas por impactos de parques eólicos devido à sua abundância, biologia ou comportamento. Os impactos sobre essas espécies raramente são considerados significativos ao nível populacional por possuírem, na maioria dos casos, populações relativamente grandes e tempo de geração curto. Contudo, especial atenção deve ser dada a espécies endêmicas ou com área de distribuição restrita, ameaçadas de extinção ou com populações em declínio.

Garcia et al. (2015) observaram que a fase de construção e instalação dos empreendimentos eólicos potencialmente impõe os efeitos mais severos sobre Passeriformes residentes. Contudo, muitas populações se recuperaram ao longo dos anos após a construção e podem voltar a crescer durante os anos de operação. Por outro lado, presume-se que o ruído relacionado aos aerogeradores e à infraestrutura associada à produção de energia eólica afeta o uso do habitat, o comportamento territorial e o sucesso reprodutivo da fauna residente. A qualidade do habitat para os Passeriformes florestais parece ser afetada negativamente também pelo ruído antrópico e sua densidade em áreas próximas a instalações geradoras de ruído é menor do que em áreas próximas a instalações onde a produção de energia é mais silenciosa (Bayne et al. 2008).

Grandes aves planadoras

As espécies mais suscetíveis ao risco de colisão com aerogeradores e linhas de transmissão são, geralmente, aves de grande porte e que dependem de correntes de ar para a realização de voos planados de longa distância (Figura 4.3). Estas espécies podem não possuir a habilidade ou agilidade suficientes para mudar as trajetórias de voo rapidamente frente a um obstáculo inesperado e possuem, em geral, visão restrita a um campo frontal, o que significa que podem não detectar as pás dos aerogeradores (Martin & Shaw 2010, Marques et al. 2014).

O impacto dos parques eólicos neste grupo de aves pode estar diretamente relacionado à perda de diversos indivíduos de uma mesma população devido à mortalidade por colisão com aerogeradores. Exemplos de grupos com espécies em maior risco de colisão incluem representantes das ordens Accipitriformes e Ciconiiformes (Marques et al. 2014, Thaxter et al. 2017). Além disso, essas aves normalmente têm tempos de geração longos e populações relativamente pequenas, quando comparadas aos Passeriformes, o que aumenta o potencial de efeitos populacionais importantes no somatório da mortalidade de indivíduos pelo impacto com aerogeradores.

Além dos efeitos negativos das colisões, esse grupo é afetado pela perda de habitat funcional. Através do comportamento de evitação das áreas de empreendimentos eólicos, essas aves perdem áreas adequadas ao voo planado e forrageio sofrendo com o efeito barreira, perda de habitat e deslocamentos, de forma cumulativa (Marques et al. 2020).


Bando de gavião-tesoura (Elanoides forficatus) em movimento de ascensão vertical durante deslocamento migratório. Foto: Andrei L Roos

Figura 4.3: Bando de gavião-tesoura (Elanoides forficatus) em movimento de ascensão vertical durante deslocamento migratório. Foto: Andrei L Roos


Aves migratórias

Alguns estudos apontam que espécies migratórias seriam mais suscetíveis do que espécies residentes, visto estarem expostas ao efeito cumulativo de transitar por vários parques eólicos ao longo de suas rotas, por serem menos familiarizadas com as localidades pelas quais transitam e, muitas vezes, por migrarem em grandes grupos (Hüppop et al. 2019). Dentre as aves migratórias, a ordem Charadriiformes, que compreende as aves limícolas, parece ser a mais vulnerável (Thaxter et al. 2017). Por outro lado, há estudos que indicam que as aves residentes estão diariamente sujeitas à colisão, sendo, portanto, mais suscetíveis (Drewitt & Langston 2008). Marques et al. (2014) ressaltam que, a depender do local de instalação, a mortalidade em um parque eólico é frequentemente mais alta para as espécies residentes, à medida que empreendem um número maior de voos na área onde há risco de colisão.

O efeito “barreira” gerado pelas estruturas dos aerogeradores possui impactos negativos importantes em rotas de migração (De Lucas et al. 2004). Além disso, a alteração de ambientes naturais para a instalação dos empreendimentos, associada à perda definitiva de habitat em pontos de parada ou agregação importantes ao longo de rotas de migração podem representar redução de taxas de sobrevivência e sucesso reprodutivo, ao impor significativo gasto energético para indivíduos migrantes na busca de ambientes que propiciem recursos suficientes para a continuidade de seus ciclos biológicos (Marques et al. 2020).

Anseriformes, em especial Anatidae

Estudos de mortalidade direta de Anatidae (i.e., patos e marrecas) causada por sua interação com estruturas relacionadas à energia eólica demonstraram que o risco de colisão é menor para esse grupo, devido ao comportamento e habilidade de evitar as estruturas e aerogeradores (Masden et al. 2009, Wang et al. 2015). No entanto, entende-se que os parques eólicos possuem efeitos indiretos nessas populações, incluindo alterações no uso dos ambientes, padrões de distribuição e deslocamento, que foram considerados como tendo um impacto maior do que os efeitos diretos (Masden et al. 2009, Zhao et al. 2020). Hötker (2017) chegou a classificar Anatidae como um dos grupos mais gravemente afetados e deslocados e sugeriu que os anatídeos podem abandonar ambientes adequados dentro ou próximos a um parque eólico, ou usá-los com menos frequência do que o fariam na ausência destes empreendimentos.

Aves de grande porte com comportamento de empoleirar-se e espécies com alta carga alar

O grupo de espécies em maior risco de eletroplessão em linhas de transmissão, inclusive associadas a empreendimentos eólicos, são aves de rapina e aves de grande porte que possuem comportamento de empoleirar-se. Essas aves costumam usar os postes, que sustentam as linhas de transmissão, como poleiros para descanso ou para permanecerem à espreita e desempenhar seu comportamento de captura de presas na região (predação), além de, muitas vezes, usarem as estruturas instaladas como locais de nidificação ou mesmo descanso (Figura 4.4). Sua grande envergadura aumenta o risco de contato com mais de um cabo da linha de transmissão durante o voo ou quando pousadas, criando inadvertidamente um curto-circuito. A eletroplessão pode ocorrer em duas situações: quando a ave toca ao mesmo tempo dois fios ou quando toca um fio energizado e o poste, de forma a fechar o circuito. Quase todas as eletroplessões ocorrem em linhas de baixa e média tensão (< 15 kV); linhas de alta tensão raramente possuem componentes próximos o suficiente para uma ave tocar ambos cabos ao mesmo tempo. Fatores de risco associados incluem as dimensões das estruturas potencialmente usadas como poleiro, o espaço entre linhas e outras estruturas (Dixon et al. 2018). Na região do Raso da Catarina, Bahia, mais de 50 casos de mortes por eletroplessão de araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) já foram registrados e têm sido acompanhados pelo CEMAVE. As araras possuem o comportamento de pousar em estruturas altas e devido sua grande envergadura e comportamento social podem fechar o circuito tocando os diferentes cabos da rede. A espécie é também suscetível à colisão com estruturas (aerogeradores, linhas de distribuição/transmissão).

Outro grupo que pode ser afetado pela mortalidade em contato com linhas de transmissão e infraestrutura relacionadas à produção e distribuição de energia elétrica são as aves com alta carga alar, ou seja, maior proporção entre massa corporal e área da asa, como por exemplo, rapinantes. Estes animais com alta carga alar estão em maior risco de colisão devido à baixa manobrabilidade (De Lucas et al. 2008).


Utilização de estruturas de linhas de transmissão por araras-azuis-de-lear. Fotos: Jaelson Gomes

Figura 4.4: Utilização de estruturas de linhas de transmissão por araras-azuis-de-lear. Fotos: Jaelson Gomes

4.4 Mudança na composição e riqueza de aves em comunidades afetadas por empreendimentos eólicos

A construção de parques eólicos pode afetar a comunidade de aves devido à degradação e perda de habitat ou devido à mortalidade direta em função das novas estruturas construídas (Bennun et al. 2021). Em um estudo recente e inédito no Brasil, Falavigna et al. (2020) analisaram mudanças na composição e riqueza de espécies nas fases de pré-implantação, implantação e operação de um parque eólico do Rio Grande do Sul e observaram uma redução na riqueza de 146 espécies da fase de pré-implantação para 115 durante a implantação e 122 na fase de operação dos parques eólicos. Quanto à composição de espécies, registraram diferenças entre as fases pré-implantação e operação, ao passo que a fase de implantação não difere das fases de pré-implantação e operação. Concluíram que tanto a riqueza quanto a composição da comunidade de aves mudaram após o início da fase de operação, indicando o possível impacto negativo do parque eólico em longo prazo.

Vieira-Filho et al. (2014) analisaram uma comunidade de aves antes e após a implantação de um complexo eólico no Rio Grande do Norte e observaram redução maior que 20% na riqueza de espécies, enquanto a abundância total sofreu redução superior a 30%.

Apesar de existirem resultados apontando que as mudanças antrópicas na área do parque eólico podem influenciar na composição das espécies, estudos de longo prazo são necessários para verificar se o grau desses efeitos negativos pode diminuir ao longo dos anos de operação, pois mesmo que muitas espécies abandonem a área por não serem capazes de se habituar, muitas outras podem se adaptar (Langston & Pullan 2003, Falavigna et al. 2020).

A maioria dos parques eólicos no Brasil está localizada em áreas ambientalmente sensíveis ou de alta prioridade para a conservação (52% em áreas de vegetação nativa e 10% em dunas costeiras), de forma diferente do que ocorre na Europa, onde a maior parte está localizada em terras agrícolas (Neri et al. 2019, Turkovska et al. 2021). Tais diferenças de padrão de ocupação levam a diferenças nos impactos ambientais e de uso do solo. Se tal padrão de ocupação continuar com a expansão do uso da energia eólica, haverá uma tendência de aumentarem os conflitos ambientais decorrentes da instalação, operação e descomissionamento dos empreendimentos. Dada a necessidade de expansão das fontes de energia, apesar da necessidade de redução da emissão de gases do efeito estufa, a energia eólica surge como uma alternativa, mas para conciliá-la com a proteção da biodiversidade e seus serviços ambientais é necessário buscar a implantação de parques eólicos fora de áreas ambientalmente vulneráveis, buscando regiões já alteradas por atividades humanas, de forma a minimizar os impactos e conflitos socioambientais.

4.5 Referências bibliográficas

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